“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua
cruz, e siga-me. Pois quem quiser
salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a
salvará.”(Lc
9, 23-24)
A palavra de Deus de hoje nos fala sobre a vocação...
O que significa vocação na linguagem da Bíblia ?
Vocação é um chamado.
Deus dá proposta, chama-nos para uma missão. A
nossa resposta é aceitar o projeto de Deus.
Assim acontece na Sagrada Escritura:o chamado de
Davi.
A escolha de Deus é diferente da escolha dos
homens. Os homens olham para a aparência e para a prioridade da família, tanto no
sentido social, como político. Deus olha o coração. Para Deus, o coração do ser
humano é centro de tudo: é no coração que se encontra a bondade e a grandeza do
ser humano.
O homem pode brilhar de conhecimentos. Na verdade,
os conhecimentos são importantes. O homem pode brilhar de eloqüência, de
beleza... Na verdade, também elas são importantes. Mas não é pela eloqüência,
pelo conhecimento e nem pela beleza que passa aquilo que apresenta o centro da
vida do homem, isto é, o coração ou, melhor dizendo, o próprio
espírito.
Se eloqüência, conhecimento e todas as outras
riquezas que ele possui só servem para elevá-lo, ainda mais na ambição e no
egoísmo - para nada serve tudo isso!
A verdadeira vocação do ser humano é vivência íntima
com Deus. Ela é a verdadeira riqueza e a razão da sua existência.
Deus chama Davi um menino humilde, porque vê nele a
verdadeira riqueza e grandeza humana. Nesta postura humilde existe algo tão
importante, que alegra.
Deus oferece ao Davi um projeto especial: chama-o
para ser um Rei que conduzirá o povo na direção de Deus.
Vejam bem!
Que grande confiança que Deus deposita nesta
escolha, neste chamado...
Do mesmo jeito, Deus depositou a sua confiança em tantas
outras pessoas dentro da história da humanidade.
Nem sempre os chamados responderam à altura dessa
confiança, isto é, na fidelidade de cumprir o plano de Deus até o fim.
Por isso Jesus disse: ”Muitos são chamados e poucos
escolhidos”.
Mas, vamos olhar as personagens que escreveram a
história de Deus, respondendo ao chamado de Deus.
São tantos e tantas! Colocaram a sua vida para
servir a Deus com toda disponibilidade. Confiaram n’Ele, realizando o que Ele lhes
confiou... Cumpriram a missão!
Vamos olhar as pessoas dos nossos tempos:
Grande Papa – Beato João Paulo II. De onde vem
o nome grande? Da fidelidade com Deus. Ele totalmente se colocou nas mãos de
Deus e colocou o mundo nas mãos de Deus.
A sua grandeza é no sentido de reposta ao chamado de
Deus, com toda a disponibilidade, abertura e fidelidade...
Beata Madre Teresa de Calcutá – santa dos nossos dias. Ela, como boa samaritana, socorria os irmãos
em tristeza, em desesspero e aflição.
Serva de Deus Irmã Dulce, nossa missionária da Bahia, humilde e grande. Parecia uma criatura
frágil na sua expressão física e tão forte no seu testemunho de fé e comunhão
com Deus, e por isso conseguiu realizar as grandes obras socorrendo os mais
pobres.
Deus sempre abençoa os seus enviados quando eles
fazem tudo para o bem do Reino de Deus. Nas situações humanamente impossíveis
Deus mostra que com Ele tudo é possível.
Se olharmos toda a história do cristianismo, há
tantos homens e tantas mulheres, consagrados na vida religiosa, no sacerdócio e
na vida matrimonial, solteiros, crianças, jovens e adultos, que responderam ao
chamado de Deus na construção do mundo melhor - na construção do Reino de Deus.
Por isso a vocação, o chamado, é dar resposta
do sim, da fidelidade, para que o mundo possa encontrar a paz através da
verdade, pois ainda falta a verdade no coração de tantas pessoas e, com isso, também
no coração do mundo.
A resposta do sim...
através da felicidade, pois há tantos, que apresentam a tristeza, apesar de terem tudo para
ser felizes; sempre são descontentes; os desejos dos seus corações nunca
satisfazem a vida deles... A verdadeira felicidade não se encontra dentro deles.
Sempre iludidos. continuam sem felicidade....
A resposta do sim...
através do dinamismo da vida, que nos dá a alegria de viver. Mas, hoje são muitos, que sendo
jovens, já ficam cansados de viver, por abusarem da vida, querendo
experimentá-la na maior intensidade em todos os momentos, sem dar uma chance ao
seu crescimento e amadurecimento normal. Quando nós-nos fechamos somente
para nós mesmos, a vida se paralisa, não tem dinamismo, nem crescimento!
A resposta do sim...
através da partilha dos nossos dons, quando
participamos da verdadeira riqueza humana e espiritual. Quando o nosso objetivo
é apenas ter, poder e prazer – tornamo-nos totalmente fracos, sem o verdadeiro
projeto da vida e, mais tarde ou mais cedo, sofreremos as conseqüências das
nossas angustias ligadas com estes desejos.
A resposta do sim...
através da paz, com a qual construímos a
verdadeira imagem de Deus dentro da nossa postura de ser e de agir. Mas, por
causa das nossas ambições e do nosso orgulho, há grande guerra dentro de nós;
há tantos rancores, tantos sentimentos de culpa, tanta infelicidade.... E a paz
está se distanciando de nós....
A resposta do sim...
através da liberdade, que nos permite ter o verdadeiro sentido desta vida
no caminho para a vida eterna.
Mas, quando continuamos prisioneiros dos
nossos vícios, adorando os nossos pecados, nos desculpando de tudo apesar da
dor do pecado continuar nos machucando e envenenando, deixando-nos no meio do
lixo moral - estamos tão acostumados em viver assim e lamentar, que tudo se
torna uma rotina e não nos deixa levantar da lama da sujeira e do mal estar...
A resposta do sim...
através do amor. Quando nós-nos sentimos, cada um
de nós, como uma pessoa amada e que ama diante de Deus, diante do próximo e
diante de si mesma. Esta é a nossa maior riqueza: poder reconhecer que a maior
riqueza é dar e nunca receber. A felicidade se multiplica dentro do nosso coração,
quando vemos que com o nosso doar o outro se sentiu mais feliz, mais gente,
mais querido, mais amado, e recebeu mais vida...
Quem pode prejudicar-nos mais do
que nós mesmos?
Dos inimigos nós-nos defendemos.
E quem vai nos defender de nós mesmos?
Por isso Jesus disse: “Quem quiser seguir-me,
renegue a si próprio”.
Pe.
Jan Zasowski
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